HOLLYWOOD x PÚBLICO IV – Os “deserdados” e vencedores do verão-2013

Lembram-se das afirmações de George Lucas e Steven Spielberg no segundo texto  dessa matéria em série? Spielberg disse que ocorrendo meia dúzia de fracassos Hollywood poderia implodir. Ele errou. Foram mais de seis os fracassos e nem sinal de mudanças na política de produção da meca do cinema. Os Rankings de Bilheterias apontaram que pelo menos um entre os lançamentos semanais de julho entraram na lista negra dos prejuízos. Mas, mesmo assim, nada vai mudar e os blockbusters estão mais tubarões do que nunca

DEPOIS DA TERRA: faíscas do fracassos simboliza uma Hollywood sem ideias

O Cavaleiro Solitário (Lone Ranger, Disney) com o seu custo de US$ 215 milhões, abriu o mês de julho colocando apenas US$ 29,2 milhões nas bilheterias. Atualmente, conta com 86,1 milhões nos EUA e no exterior arrecadou mais US$ 78,6. Soma: US$ 164,7. Com esse valor, já está decretado: será o segundo prejuízo espetacular da Disney em 2 anos seguidos. O estúdio conseguiu fazer um faroeste que vai arrecadar menos ainda do que o seu histórico prejuízo no ano passado, a ficção científica John Carter (2012, custo de US$ 250,00 milhões e arrecadação de US$ 282,7 milhões).

Na segunda semana do mês foi a vez de Círculo de Fogo (Pacific Rim), ficção científica na qual a Warner investiu, também US$ 190 milhões, derrapar com uma arrecadação de US$ 38,3 milhões em sua semana de estreia. Apenas US$ 10 milhões a mais em relação a O Cavaleiro Solitário. Acrescente-se que o filme sobre robôs terrestres que combatem robôs alienígenas (e num já tem Transformers?) tem Guilhermo Del Toro como realizador.

O CÍRCULO DE FOGO: fracasso impagável de Guillermo Del Toro

Na atualização do Ranking, a produção conta com US$ 68,2 obtidos nos EUA e mais US$ 110,3 milhões no exterior. Total: US$ 178,5 milhões. É o mesmo drama financeiro de Guerra Mundial Z: alcançar US$ 570 milhões para se pagar. Atualmente em cartaz em 48 países, vai ainda ter aberturas em territórios fortes como Rússia, Alemanha, França, Itália e Brasil.

No final de semana, o número dos deserdados pelo público nas bilheterias subiu para três de uma raquetada só: o policial Red 2 – Aposentados e Ainda Mais Perigosos (Red 2, Summit), custo de US$ 84 Milhões; a ficção-científica R.I.P.D. (Universal), US$ 130 milhões, e a animação Turbo (Dreamworks/Fox), US$ 135 milhões.

Red 2, produção de alto custo para o médio estúdio Lionsgate, teve o seu orçamento de   US$ 84 milhões rateado entre distribuidoras de diversos países e não deve dar prejuízo à produtora. No entanto, a sua arrecadação de US$ 41,1 milhões no mercado interno sinaliza que deverá obter, no máximo US$ 45 milhões. Muito abaixo da previsão entre US$ 50 e 60 milhões.

R.I.P.D.: agentes do além deram um “cano” em Hollywood

Os analistas já tinham previsto que R.I.P.D., mistura de ficção científica e comédia sobre uma agência tem mortos-vivos (ou os fantasmas deles) como agentes caçadores de seus respectivos criminosos, era, segundo os analistas do mercado, um investimento de risco. Mesmo assim, a Universal arriscou US$ 130 milhões. Já é certo que o estúdio arcará no prejuízo de, por baixo, US$ 100 milhões. No Ranking, tem US$ 28,7 milhões obtidos no mercado interno e mais US$ 12,7 milhões oriundos do exterior. Na contabilidade geral, US$ 41,8 milhões.

TURBO: a animação do caracol velocista não convenceu nem as crianças

A Dreamworks também derrapou. Apesar de muito bem recepcionado pela crítica, que destacou a qualidade do enredo diferenciado com conotações sociais, o público preferiu não prestigiar a animação Turbo, custo de US$ 135 milhões. A produção obteve apenas US$ 64,3 milhões nas bilheterias dos EUA e mais US$ 41,8 milhões no exterior. Com apenas US$ 106,8 milhões no total, deverá alcançar uma renda máxima de US$ 120 milhões. São necessários US$ 350 milhões no mercado internacional para se livrar da linha vermelha.

Podem se salvar

O Homem de Aço (Man of Steel) depende de alguns mercados externos para sair do vermelho. Outro investimento caro da Warner, a nova aventura do Superman foi produzido com US$ 225 milhões. Já se encaminhando para a sexta semana em cartaz nos EUA, conta com US$ 287,2 milhões e mais US$ 357 milhões em bilheteria externa, o que lhe dá um balanço de US$ 644,2 milhões. Mesmo assim, precisa de US$ 30 milhões para fechar as contas. Voa Superman, Voa! Já está cansado e vai ficar no prejuízo.

Adam Sandler em GENTE GRANDE 2: correndo para recuperar o prestígio

Considerado uma surpresa pelo fato do primeiro filme ter sido um grande cano para a Sony no ano passado, Gente Grande 2, apesar da arrasadora crítica negativa, está se salvando pelas beiradas nos cinemas dos EUA. O orçamento de US$ 80 milhões, ainda está longe de ser coberto, pois o estúdio precisa de uma renda adicional de US$ 240 milhões para empatar o custo de produção, mas a comédia, que comprova a adoração do público estadunidense por Adam Sandler, já arrecadou US$ 110,7 milhões em seu mercado exibidor e pode ainda alcançar os US$ 118 milhões. Como já faturou quase US$ 15,5 milhões em 20 mercados estrangeiros e tem ainda outros 40 para visitar, é possível que consiga mais US$ 110 milhões para ficar no azul. Estréia no Brasil em 16 de agosto.

SE BEBER NÃO CASE 3: o sucesso final dos aloprados

Estão a salvo

Parecia que ia dar prejuízo, mas Se Beber não Case 3 conseguiu, graças ao mercado internacional, dar algum lucro a Warner. A comédia dos aloprados custou US$ 103 milhões e, ao arrecadar US$ 111 milhões não se pagou no mercado interno, mas foi salvo pelas bilheterias mundiais onde contabilizou US$ 238,8 milhões. Os 3 filmes da franquia colocaram quase US$ 750 milhões de dólares nos cofres da Warner.

Por incrível que pareça, O Grande Gatsby conseguiu se pagar e ainda obter uma raminha por fora. A refilmagem do romance de F. Scott Fitzgerald (1896-1940) a cargo do australiano Baz Luhrmann e com Leonardo Di Caprio na ponta do elenco, consumiu US$ 105 milhões da Warner. O lucro foi de pouco mais de US$ 20 milhões, subtraído de uma bilheteria mundial de US$ 329,9 milhões. As demais mídias se encarregarão de ampliar o cobiçado lucro.

VELOZES E FURIOSOS 6: Vin Diesel e sua turma conquistaram o público mundial

O grande sucesso da Universal, na verdade, é o quinto a abrir o Ranking dos sucessos da temporada de verão: Velozes e Furiosos 6. Com US$ 237,1 milhões faturados nos EUA e mais US$ 507,8 milhões em 40 países, a aventura de Vin Diesel prepara-se para fechar o último território: o asiático. E ao entrar na China, obteve alguns milhões e agora contabiliza US$ 745,6 milhões - a sua bilheteria mundial atual. O seu orçamento foi de US$ 160 milhões. Rápido, Diesel já começou as filmagens do filme número sete.

Já ocupando a segunda posição no Ranking dos sucessos do Verão Americano, Meu Malvado Favorito 2 (Despicable Me 2, Universal) trava batalha campal com Universidade Monstros (Disney/Pixar). Tendo custado US$ 75 milhões, ninguém esperava que discreta receptividade do primeiro filme pudesse dar impulso ao ex-vilão Gru, seus minions de só olho e as três adoráveis órfãs. Com um enredo cativante e quedas ínfimas semanas após semanas, Meu Malvado Favorito 2 tinha, duas semanas atrás, US$ US$ 587,8 milhões e agora já contabiliza US$ 692,2 em bilheteria mundial. A minha previsão era arrecadar, ainda, US$ 80 milhões. Passou de US$ 100 milhões. US$ 700 milhões é uma boa previsão (a do Movieline tinha sido de US$ 660 milhões) para fechar a conta e passar a régua.

O seu grande concorrente, Universidade Monstros, cujo orçamento não foi revelado pela Pixar (Monsters SA custou US$ 115 milhões), está com uma renda doméstica de US$ 257,5 milhões. Soma mais US$ 321,6 milhões. Total: US$ 579,1 milhões. A tendência, agora, é chegar, ao no máximo, US$ 600 milhões.

O HOMEM DE FERRO 3: líder do Ranking do verão 2013

Líder da temporada de verão e também do Ranking de Bilheteria-2013, Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, Disney), já fechou a sua contabilidade em US$ 1,2 bilhões. Até uma semana atrás, o que se perguntava era, já que nenhum dos concorrentes do verão conseguiu sequer chegar perto em termos de grana arrecadada, se Wolverine – Imortal (Fox) seria capaz de tal façanha. Não foi. Custou US$ 120 milhões e não vai bem das pernas. US$ 80 milhões é a sua renda ao final da segunda semana no mercado americano. No exterior, segue com US$ 91,9 milhões. Total: US$ 171,7. O seu alvo é ainda faturar o dobro: US$ 360 milhões. Uma certeza: não vai conseguir. É outro blockbuster do prejuízo.

Reflexão

A imprensa estadunidense especula se este é o momento adequado para Hollywood refletir sobre os filmes com orçamentos gigantescos. Há divisão entre os analistas. O anúncio feito pela Disney de que alcançou a marca de um bilhão de dólares em receita já no meio do ano demonstra que os estúdios continuam fortes o suficiente para não promover mudanças no sistema de produção.

Portanto, não deve haver qualquer mudança, apenas reavaliações quanto ao faturamento menor nas previsões para os seus blockbusters. Afinal, Hollywood encara o mercado como um grande campeonato cujo objetivo é a liderança do Ranking. Então, perder um jogo aqui, outro acolá, e até mesmo sofrer gols contra inesperados tipo Cavaleiro Solitário, R.I.P.D., Turbo e Círculo de Fogo faz parte da competição e não arrefece o objetivo é ganhar o campeonato.

Portanto, para Hollywood, a lanterna não é verde nem está emitindo luz vermelha – o piscar é apenas o de uma lanterna com defeito. Lanterna que, por sinal, não acendeu no cinema independente, o próximo foco.

Confira o Ranking de Bilheteria do Box Office Mojo dos 100 filmes lançados neste verão americano de 2013.

OS 100 FILMES DO RANKING DO VERÃO AMERICANO-2013

O post HOLLYWOOD x PÚBLICO IV – Os “deserdados” e vencedores do verão-2013 apareceu primeiro em Blog de Cinema.